LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - PLACA
LAVANDERIA DOS ESCRAVOS –
PARQUE LAJE (RJ)
Percorrendo o parque,
encontro um recanto onde o tempo que me fala é pretérito. No silêncio de seu
entorno, às vezes sutilmente quebrado pelo piar dos pássaros e pela brisa que
roça as folhas, chego a uma antiga construção de pedras e que, de início, me
assusta. Leio a placa a seu lado e vejo tratar-se de uma lavanderia de escravos,
de quando toda aquela área era uma fazenda.
De sua entrada em arco,
apuro o ouvido, pois me parece que ouço outros sons. São de um cântico dolente,
em língua estranha. Cada nota crava-se a meu peito. Entendo, então, que são
lamentos a expressar o sentir da liberdade suprimida e a saudade de terras
natais. Nagô, banto, quimbundo, jeje, não sei dizer a língua, e pouco importa. As
vozes das mulheres o entoam, com o contraponto do rumor das águas que correm e
das batidas compassadas das peças de roupa dos senhores, de encontro às pedras,
no ato de lavá-las.
Some o cântico, restam as
pedras. Lá fora, metros adiante, a vida da urbe explode em veias de
impertinência.
(Texto de Nilton Maia – 06/03/2015)
LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - VISTA LATERAL
LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - VISTA DA ENTRADA - DETALHE
LAVANDERIA DOS ESCRAVOS
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