O Lambe-Lambe

O Lambe-Lambe

sábado, 7 de março de 2015

RIO - DESCOBRINDO NOVOS ÂNGULOS (II)



LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - PLACA

LAVANDERIA DOS ESCRAVOS – PARQUE LAJE (RJ)



Percorrendo o parque, encontro um recanto onde o tempo que me fala é pretérito. No silêncio de seu entorno, às vezes sutilmente quebrado pelo piar dos pássaros e pela brisa que roça as folhas, chego a uma antiga construção de pedras e que, de início, me assusta. Leio a placa a seu lado e vejo tratar-se de uma lavanderia de escravos, de quando toda aquela área era uma fazenda.

De sua entrada em arco, apuro o ouvido, pois me parece que ouço outros sons. São de um cântico dolente, em língua estranha. Cada nota crava-se a meu peito. Entendo, então, que são lamentos a expressar o sentir da liberdade suprimida e a saudade de terras natais. Nagô, banto, quimbundo, jeje, não sei dizer a língua, e pouco importa. As vozes das mulheres o entoam, com o contraponto do rumor das águas que correm e das batidas compassadas das peças de roupa dos senhores, de encontro às pedras, no ato de lavá-las.

Some o cântico, restam as pedras. Lá fora, metros adiante, a vida da urbe explode em veias de impertinência.



(Texto de Nilton Maia – 06/03/2015)

 LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - VISTA LATERAL


LAVANDERIA DOS ESCRAVOS - VISTA DA ENTRADA - DETALHE


  LAVANDERIA DOS ESCRAVOS


***


Nenhum comentário:

Postar um comentário